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Diagnóstico

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Entre 2008 e novembro de 2018, 2.689 gestantes foram infectadas pelo HIV no Ceará. (Fonte: Boletim Epidemiológico da Aids e HIV no Ceará 2018) (Ilustração: Raquel Sant'Ana)

Há 16 anos Cláudia*, 47, segue a mesma rotina: consultas, exames e a obrigação de tomar os remédios todos os dias. Os medicamentos viraram parte de sua vida após a autônoma ser diagnosticada com o Vírus da Imunodeficiência Humana, o HIV, em 2003, 20 anos após o primeiro caso de Aids ser confirmado no Ceará. 

Cláudia faz parte das 9.162 pessoas detectadas com HIV no estado entre os anos de 1983 e 2018. No mesmo período, foram notificados 20.226 casos de Aids no Ceará, como aponta o Boletim Epidemiológico da Aids e HIV de 2018, realizado pela Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa).

A possibilidade de ter contraído o vírus do HIV surgiu após a morte de seu primeiro marido. Embora o ex-companheiro de Cláudia enfrentasse um câncer no estômago, e recebesse cuidados médicos, ele só foi diagnosticado como soropositivo após o óbito, quando saíram os resultados dos exames laboratoriais do Instituto Médico Legal (IML). “Eu não acreditava que essa doença existia e que eu pegaria ela pelo sexo”, relata Cláudia, que levou três anos após a morte do marido para realizar o exame anti-HIV.

Uma pessoa HIV positiva (ou soropositiva) teve anticorpos contra o HIV detectados por meio de um teste de sangue ou teste de fluido oral. 
Uma pessoa HIV negativa (ou soronegativa) não demonstra evidência de infecção pelo HIV quando seu sangue é testado. 

(Guia de Termologia do Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/AIDS - Unaids)

Soropositivo e Soronegativo

Foi na sala de parto, prestes a dar a luz ao seu segundo filho, fruto de um novo relacionamento, que Cláudia descobriu ser soropositiva. “Foi horrível. Eu entrei em desespero, achei que ia morrer e não ver os meus filhos crescerem”, relembra. Ela ficou internada com o caçula recém-nascido para que ele não fosse infectado pelo vírus. Até os dois anos de idade o bebê precisou de acompanhamento médico, e por causa desses cuidados iniciais, hoje o adolescente de 16 anos é saudável.

De acordo com o Boletim Epidemiológico, entre 2008 e novembro de 2018, 10.150 moradores do Ceará foram detectados com Aids. Com uma média anual de 990 novas confirmações, a taxa de infecção no estado vem caindo: passou de 13,7 casos a cada 100 mil habitantes, em 2012, para 9,2 casos em 2017.

 

Embora os diagnósticos de Aids no Ceará tenham diminuído, a redução do estado é menor que a média nacional. Ainda segundo o Boletim, enquanto houve diminuição de 15,7% no número de novos casos da doença no país entre 2012 e 2017, no Ceará a redução foi de apenas 9,4%.

 

Já os números de confirmação de HIV no estado estão crescendo. 8.585 pessoas foram infectadas com o vírus entre 2008 e 2017. A taxa de detecção em adultos subiu de 1,8 casos por 100 mil habitantes para 19,6 casos em 2017. Nesse intervalo, o diagnóstico em jovens entre 15 e 24 passou de 2,6 para 30,2 por 100 mil habitantes, conforme dados do Boletim da Sesa de 2018.

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Infográfico: Raquel Sant'Ana

O médico infectologista Anastácio Queiroz, ex-secretário de Saúde do Ceará,  relaciona o avanço do HIV no estado a falta de debate sobre o assunto. “Não se discute entre os jovens, não se discute na família e não está sendo discutido na sociedade, então as pessoas relaxam [na prevenção]”, afirma.


Letícia*, 42, foi uma das 1.755 pessoas diagnosticadas como soropositivas em 2017 no Ceará. Aquele ano teve o maior número de novas infecções por HIV no estado entre 2008 e 2018, como aponta o Boletim Epidemiológico. Por receio da reação de seus familiares, ela prefere manter em segredo o seu estado sorológico. “Ninguém sabe e eu prefiro assim. O preconceito existe até entre quem é portador do HIV, imagina com pessoas que não são”, conta.

Para detectar a Aids ou o HIV, é necessário passar pelo teste rápido, realizado gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Ele verifica para HIV, Sífilis e Hepatites, os resultados aparecem em até 30 minutos. Em 2017 foram feitos 172.578 testes no Ceará.

Ninguém sabe e eu prefiro assim. O preconceito existe até entre quem é portador do HIV, imagina com pessoas que não são”

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O medo da rejeição pela família e amigos acompanha Letícia e tantas outras pessoas que vivem com HIV. (Ilustração: Raquel Sant'Ana)

Na fase inicial, os sintomas do HIV podem não aparecer ou ser confundidos com uma gripe. Por isso, Anastácio Queiroz acredita que o exame deve ser solicitado para pacientes em quadros infecciosos. “O HIV pode não apresentar sintoma por muitos anos, às vezes até décadas, ou pode apresentar sintomas iniciais de uma infecção aguda. A síndrome viral pode ser extremamente leve como dores no corpo e febre. Já na fase avançada, a Aids pode imitar qualquer doença, e o indivíduo pode ter infecções oportunistas”, explica.

Infecções oportunistas

As infecções oportunistas são provocadas por vários organismos, muitos dos quais geralmente não causam doenças em pessoas com sistemas imunológicos saudáveis. As pessoas vivendo com AIDS podem ter infecções oportunistas dos pulmões, do cérebro, dos olhos e de outros órgãos. Em muitos países, a tuberculose é a principal infecção oportunista associada ao HIV.

 (Guia de Termologia do Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/AIDS - Unaids)

O infectologista recomenda realizar o exame sempre que houver exposições de risco, como sexo sem proteção ou uso indevido de agulhas ou seringas. “Aquele que não tem o HIV sempre tem o risco de se contaminar se não existe proteção. Como o teste rápido é muito simples, nessas circunstâncias sempre deve ser feito”.

Confira o que o infectologista falou sobre os novos casos de HIV no estado, os riscos de infecção e os primeiros sintomas do vírus.

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